PAI CORUJA

Enquanto o atacante Cláudio, do Náutico, fica no gramado treinando e esperando uma oportunidade do técnico Heriberto da Cunha para assumir a vaga de titular no time, seu pai, José Elias Romão, 48 anos, fica no portão do clube controlando a entrada e saída dos sócios alvirrubros. Mas, apesar de ter a função de porteiro nos Aflitos, foi o seu filho quem abriu as portas para que pudesse trabalhar no Timbu.

José Elias já está no clube há dois anos e meio – um como prestador de serviços de segurança e o resto já efetivado como funcionário do Náutico. “O Cláudio já está aqui há três anos. Um dia ele conversou com a diretoria para que eu ficasse e tudo acabou dando certo”, disse o pai coruja, como se considera.

Além do Alvirrubro servir como ganha pão de José Elias, ele explica que também ajuda a estreitar os laços com o seu filho. “Estou separado da mão do Cláudio há cerca de 13 anos e a gente aproveita o horário de trabalho para poder nos vermos e matar um pouco da saudade”.

Mesmo não tendo oportunidade de jogar futebol, pois teve que trabalhar muito cedo, José Elias foi um dos maiores incentivadores do filho na busca pela sua profissionalização. “Passei vinte anos como dono do time do Palmeiras de Engenho Maranguape e foi lá que Cláudio deu seus primeiros passos como atleta”, relembrou.

Com uma personalidade muito calma, José Elias só fica chateado quando é escalado para trabalhar no portão, em dias de jogo do Náutico. “Quando ele fica fora da área do campo, realmente se irrita”, entregou o responsável pelo comando da segurança do clube, José Emídio da Silva.
Mas José Elias justifica esta atitude. “É bom estar no campo para poder vibrar quando sai o gol do Náutico, principalmente quando é o meu filho quem marca. Mas tudo isso sem descuidar da segurança, porque não posso deixar a emoção interferir no meu dever”.

E parece que o legado da família Romão dentro do meio do futebol não vai parar em Cláudio. O irmão mais novo do atacante, Clodoaldo, está com 17 anos e já treina nas categorias de base do clube só aguardando uma oportunidade para seguir os passos do mais velho.

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