17 de novembro de 1966 será sempre lembrado pelos alvirrubros como o dia da vitória mais espetacular da história contemporânea do Náutico. Um inesquecível capítulo na vida do clube. Afinal, neste dia, o Clube Náutico Capibaribe venceu nada menos que o “melhor time do mundo”!
Imaginem os senhores o seu time do coração ir até a Espanha e vencer, lá dentro do Camp Nou, o Barcelona de Messi, Piqué, Xavi, Villa, e de goleada. Seria ou não uma façanha histórica?
17 de novembro de 1966, numa fria noite de quarta-feira, o Náutico foi até São Paulo e venceu o Santos de Pelé e companhia por 5×3, no estádio do Pacaembu. Um resultado que assombrou o Brasil, pois o Santos, naquela época era considerado o melhor time do mundo, pela imprensa brasileira e estrangeira.
Na década de 60, o Santos de Pelé e companhia sobrava pelos torneios e campeonatos, no Brasil e pelo mundo afora. Campeão paulista de 60, 61, 62, 64, 65, 67, 68 e 69. Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 63, 64 e 66. Campeão da Taça Brasil de 61, 62, 63, 64 e 65. Bi-campeão da Taça Libertadores das Américas em 62 e 63. Bi-campeão Mundial de Clubes em 62 e 63. Campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) em 68. Campeão da Recopa Sul Americana e da Recopa Mundial de Clubes em 68. Não computando aqui outros torneios menores (internacionais), nem os vice-campeonatos.
O Rei Pelé era a estrela maior de um time recheado de craques. Jogo do Santos não era jogo, era exibição de futebol. As torcidas adversárias após os jogos, ao invés de vaiarem o seu time pela derrota, aplaudiam o Santos pelo espetáculo apresentado.
O Náutico vinha fazendo uma excelente campanha na Taça Brasil de 66, tinha acabado de eliminar o Palmeiras de Dudu e Ademir da Guia, numa goleada de 3×0 dentro da Ilha do Retiro. Tri-campeão pernambucano de 63, 64 e 65, Bi-campeão do Norte (65 e 66), tinha chegado às semi-finais da Taça Brasil de 65, já chamando a atenção da imprensa nacional. Esse “Náutico Capibaribe”, como era chamado pela imprensa do sul, não estava ali por acaso.
Foi nesse cenário que, em 17 de novembro de 1966, o Náutico entrou em campo para enfrentar o Santos, jogo válido pela semifinal da Taça Brasil de 66. O primeiro jogo ocorreu em Recife, estádio da Ilha do Retiro, no dia 09 de novembro, e o Santos Venceu por 2×0. Mesmo com 35 mil torcedores ao seu lado, o Náutico não suportou a superioridade santista. O Diário de Pernambuco do dia 10 de novembro de 1966 trazia o seguinte comentário sobre a vitória santista:
“Jogando muito bem, contra um adversário apenas brigador, mas sem forças para reagir, o Santos venceu o Náutico por 2×0, gols de Pelé e Pepe. O resultado praticamente sepulta as chances do Náutico na Taça Brasil. O Santos vai jogar por um simples empate, dentro de casa, no próximo jogo, para eliminar os pernambucanos e se garantir na final da Taça Brasil.”
17 de novembro de 1966, uma fria noite de quarta-feira em São Paulo. O estádio do Pacaembu recebeu perto de 20 mil torcedores santistas, que foram apenas “carimbar” o passaporte para a final do campeonato.
Naquela memorável noite o Náutico começou a partida de maneira avassaladora. No primeiro minuto de jogo abriu a contagem, com um gol de Bita, momento em que muitos torcedores ainda adentravam ao Pacaembu, e os comentaristas de rádio encerravam suas apreciações sobre o jogo. Ou seja, os locutores nem tinha ainda iniciado a transmissão e o Náutico já vencia por 1×0, para surpresa de muitos, principalmente dos santistas.
Mas o Santos era o Santos. E aos 12 minutos, numa cabeçada de Toninho, o clube santista empatava a partida. Só que o Náutico estava predestinado naquela noite a escrever o seu nome em letras maiúsculas, e entrar para a história do futebol. Aos 44 minutos do 1º tempo, Bita coloca novamente o clube alvirrubro em vantagem. Náutico 2×1.
Mal teve início o segundo tempo e o Náutico ampliava o marcador. Bita, aos 4 minutos fez 3×1, para espanto geral dos paulistas. O Santos corria atrás do placar, e aos 19 minutos, Toninho voltava a marcar, novamente de cabeça, diminuindo para 3×2. O Náutico bateu o centro, Miruca avançou e, no minuto seguinte ampliava para 4×2. Foi então a vez do Santos bater o centro, Pelé lançar para Toninho e ele fazer o terceiro gol santista. Era gol lá e gol cá. Com 21 minutos do segundo tempo o placar apontava Santos 3×4 Náutico.
Sob o comando de Ivan Brondi no meio campo o Náutico passou a tocar a bola, administrando a vantagem no placar, envolvendo o todo poderoso Santos. E para fechar com chave de ouro uma das partidas mais emocionantes da história do clube, Bita, sempre ele, a três minutos do final acerta um chute de fora da área e faz o quinto gol, fechando a goleada. Náutico 5×3 Santos.
No dia seguinte as manchetes dos jornais, tanto de Recife como do sul do país enalteciam o grande feito do time de Rosa e Silva, desbancando o Santos de Pelé, “o melhor time do mundo”, em pleno Pacaembu, numa goleada histórica.
Manchete do texto de Lenivaldo Aragão, no Diário de Pernambuco, no dia seguinte: “Bita foi um flagelo para o Santos, no Pacaembu, quando o Náutico elevou o futebol de Pernambuco”!
Manchete do Diário da Noite: “Nunca, jamais, em tempo algum, o goleiro Gilmar, do Santos havia levado mais de três gols de um só jogador em uma partida. Ontem, só Bita fez quatro”!
Outra Manchete do Diário: “Bita dispara quatro e Náutico vence de cinco no Pacaembu”!
Os heróis daquela fantástica vitória? Aloísio Linhares; Gena, Mauro, Fraga e Clóvis; Zé Carlos e Ivan Brondi; Miruca, Gilson Costa, Bita e Lalá.
Numa entrevista ao Programa, da TV Cultura, Pelé foi perguntado sobre os melhores times de futebol que ele já tinha visto jogar. Ele respondeu: “o Cruzeiro de Tostão, o Palmeiras de Ademir da Guia, e o Náutico de Bita”. “A década de 60 foi dominada pelas academias de futebol”! Estas foram as palavras do Rei Pelé.
17 de novembro de 1966, uma fria noite de quarta-feira em São Paulo. Uma data para ser lembrada por todos os alvirrubros, e passada de geração a geração, como uma lenda, Blowin’ In the Wind!