Foram exatos 65 dias no comando do Náutico e o técnico Vágner Mancini não resistiu à quinta derrota em 14 jogos disputados e acabou sendo demitido na noite do último domingo, logo após o Timbu ser derrotado para o Ypiranga em pleno Estádio dos Aflitos, no dia em que o clube completou 112 anos. Mancini concedeu uma entrevista coletiva ainda como técnico do Náutico e afirmando que jamais pediria demissão, mas minutos depois ficou sabendo por intermédio do superintende de futebol alvirrubro, Daniel Freitas, que continuaria mais no Náutico.

Apesar da demissão, Vágner Mancini não se mostrou abalado. Bastante tranquilo, ele conversou com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM e admitiu entender o posicionamento da diretoria apesar de não concordar com o sistema de trocas de técnicos que é adotado no futebol brasileiro.

Mancini deixou o Náutico na terceira colocação do Campeonato Pernambucano, mas com o melhor ataque do Brasil e por isso ainda acredita que o Timbu pode ir longe no Campeonato Pernambucano. Ele voltou a afirmar que o alvirrubro é um dos favoritos e não são os últimos tropeços que mudarão essa condição.

A demissão

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a forma como fui tratado pela diretoria e por todos os funcionários do Náutico. O ambiente de trabalho era o melhor possível e por isso saio de cabeça erguida e sabendo que tentamos fazer o melhor. Infelizmente o futebol te mostra que nem sempre o que vocês está pensando é aquilo que está sendo visto. Entendo o papel da diretoria, que ficou pressionada. A minha intenção era de ficar até o final porque sempre bati que o Náutico seria campeão. O sistema do futebol ainda não é como todos nós achamos que deveria ser.

O peso do lado emocional

O que a gente acha é que o aspecto emocional dessa equipe tenha jogado muito junto com o time. No momento que houve a melhora a equipe passou a jogar com muita leveza, marcou bem, fez muitos gols e ao mesmo tempo após a derrota para o Santa Cruz a equipe acabou de forma contrária sentindo demais. Contra o Ypiranga vi uma equipe desde o começo morosa, nervosa. O equilíbrio emocional talvez tenha sido o ponto chave e terá que ser revisto porque vai ter que decidir jogos a partir de agora.

Derrotas nos clássicos

Eu acho que a derrota contra o Santa Cruz foi pior para o aumento da pressão. Na sequência do jogo contra o Sport nós fizemos um jogo muito bom em Caruaru e conseguimos apagar aquilo que foi visto. Volto a falar sobre o sistema do futebol. Não pode perder uma partida e ter todo o trabalho jogado fora. Isso é muito visto no Brasil e eu não sei onde vamos chegar. Uma partida acaba redirecionando um trabalho e sete dias depois a gente é demitido.

Comprometimento dos jogadores

Não acho que havia corpo mole. Não enxergo dessa forma. É difícil apontar que A, B ou C não estão correndo e eu jamais vou falar dos meus atletas. Continuo achando que todos eles tentaram se doar ao máximo e se não conseguiram é porque todos são seres humanos. Existem grupos e grupos. Às vezes você não consegue desempenhar em campo o que pode por várias razões. Se eu for pontuar vai soar como desculpa, mas o meu ambiente e o do Sylvinho (auxiliar) era acima do normal com todo mundo.

Náutico ainda favorito

A oscilação das últimas rodadas faz com que todo mundo pense que o Náutico passou a ser um azarão, mas eu acredito muito nessa equipe. Sei que futebol é jogado dentro de campo e daqui até as semifinais são 15 dias e muita coisa pode acontecer. Existem homens dentro do clube e do elenco e eles vão tentar dar uma mudada.

Economia para o Campeonato Pernambucano

A partir do momento que me foi feito o convite eu já sabia de todo o planejamento. Foi me colocado que o Náutico não faria um alto investimento para o Estadual e para o Campeonato Brasileiro nós teríamos a chegada de mais cinco ou seis atletas. E eu sinceramente acho que o Náutico pode ser campeão com o que tem em mãos. Precisa de um ajuste ou outro. O Sport iniciou mal e melhorou e o Santa Cruz também oscilou como todas as equipes do mundo.

Pressão antes de enfrentar o Ypiranga

Não me senti pressionado antes do jogo. Nesses momentos sou muito lúcido e não me deixo levar por pressão. Confesso que fico chateado como mudam o tratamento com a gente. Como a imprensa muda. Internamente jamais me senti pressionado. Sabia que era importante a vitória, pois nós tínhamos objetivos no campeonato.
Mancini fala que ambiente nbo Náutico era bom

Péssima atuação

E me surpreendeu a atuação do time diante do Ypiranga. Ao longo de toda a semana a gente esperava ver um Náutico diferente, mas infelizmente as coisas acabaram não acontecendo. Taticamente o nosso meio-de-campo acabou não sendo superior e essa era a nossa proposta. Isso fez com que alguns atletas perdessem a confiança no jogo. No segundo tempo melhoramos, mas não foi o suficiente.

Reação dos jogadores

Só vi um atleta no vestiário após saber da notícia. Era o Martinez e ele veio me dar um abraço e disse que era coisa do futebol. Lamentou a saída até porque a gente tinha um ambiente maravilhoso no Náutico. Agora eles continuam e já já eu vou estar em algum time também.

Volta para o Recife

Não tenha dúvidas que eu penso em voltar. Essa imagem que ficou não é a verdadeira e no futuro vou voltar para recolocar as coisas nos lugares. Assim como o futebol não se ganha na força, isso também não é na força. Temos que mostrar em campo.

Recado para o torcedor do Náutico

O recado para a torcida do Náutico é um muito obrigado. Eu sinto muito em dizer isso, mas desde que cheguei fui muito questionado por um trabalho que eu fiz em outra equipe. Acho que muitas vezes eles foram injustos comigo, mas de qualquer forma a gente entende que o torcedor é mais paixão do que razão.

Por: Globo Esporte
Foto: NauticoNET