Do vinho ao vinagre
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
Recife, 04 de Agosto de 2008
Quando
as coisas vão de mal a pior, tudo vira
motivo de justificativa ou de gozação.
O Náutico conseguiu a proeza de alcançar
a liderança do Brasileirão 2008,
ainda na segunda rodada. Mas, com o andamento
da competição, ou seja, 15 jogos
depois, o Timbu ocupa agora a 16ª posição
com apenas 18 pontos e cinco vitórias.
Isso mesmo. A campanha da equipe sofreu uma vertiginosa
mudança do vinho para o vinagre.
Porém, o mais curioso
de tudo é perceber que jogadores, membros
da comissão técnica e profissionais
ligados ao departamento de futebol não
chegaram a um denominador comum, quando o assunto
é o xis da questão. Existem problemas
técnicos, táticos e de qualidade
de atletas, mas parece que está tudo em
ordem nos Aflitos. Parece, mas não está.
Basta observar as declarações
de alguns atletas após o time completar
a sétima partida sem vencer na Série
A, que garantem a má fase não estar
atrelada ao momento financeiro do clube. Pelo
contrário. Neste item só houve elogios.
Mas, então, qual é o verdadeiro
problema que está levando o Náutico
sem atalhos para a zona famigerada do campeonato
brasileiro?
Enquanto ninguém
tiver coragem de resolver esta pendência,
um sub-mundo de especulações fantásticas
vai tomando corpo e os boatos vão se espalhando
numa proporção inimaginável.
A torcida cobra a responsabilidade dos jogadores,
que elogiam a postura dos dirigentes, que não
repassam nada para ninguém. E assim a nau
da mediocridade navega em mares turbulentos e
melancólicos.
Por sua vez, a crônica
esportiva só avalia resultados e não
perdoa os sucessivos fracassos do Náutico,
seja dentro ou fora das quatro linhas. Ainda assim
sem ter um critério estabelecido. Como
hienas medonhas se seguram no tenso desdobramento
proporcionado pelo desespero dos torcedores e
atiram para todos os lados. O pior é que
não buscam identificar a raiz dos problemas
que acometem o grupo de atletas, os diretores
de futebol e, por fim, do próprio clube
como um todo, em sua conjuntura.
Enquanto eles alimentam
este jogo sórdido de quanto pior, melhor
para dar audiência e vender jornal, o clube
recifense (lembra daquela conversa fiada de que
é Pernambuco?) despenca em
queda livre para a Série B. Sem perspectiva,
futebol competitivo, esquema tático, treinador
de verdade, time pegador e, em especial, jogadores
comprometidos com o contrato que assinaram (isto
é, justificando o salário que recebem).
Todos têm a sua parcela
de culpa, sim senhor! Porém nem todos têm
caráter e hombridade para encarar os fatos
com este compromisso. Como é de praxe,
escondem-se atrás dos microfones, câmeras
e canetas, posando de donos da verdade com suas
análises combinatórias, típicas
de aproveitadores de plantão, como fazem
os abutres diante de uma carniça.
Mas não é
neles que os torcedores alvirrubros devem esperar
a solução para o problema do Náutico.
Não agora, pois o time está em baixa
e não é interessante defender o
clube. Não dá audiência para
eles. Lembro-me muito bem como se fosse hoje de
quando o Náutico ocupava a elite do Brasileirão.
Ignoravam o fato e pouco citavam o feito. Como
se aquilo estivesse incomodando, e muito, a muitos
por aqui.
Ainda há tempo para
a reação, mas se esta situação
ficar sendo protelada então é esquecer
a Série A e admitir a queda. No momento
não vejo boas perspectivas, mas só
depende dos jogadores resolver o que deve ser
resolvido. Ouvi dizer que o desafeto de alguns
atletas seria o superintendente de futebol Marcelo
Sangaletti. Não sei se procede, mas seria
de bom grado resolver esta pendência logo.
Avante, Náutico!
|