A mística do Caldeirão
Alvirrubro
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
Recife, 10 de Julho de 2008
A mística
do Caldeirão Alvirrubro voltou a fazer
a diferença tão temida por parte
dos adversários do Náutico quanto
pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva
(STJD). A convincente vitória, de virada,
em cima do atual bicampeão brasileiro São
Paulo por 2 a 1 considerado por boa parte
da crônica esportiva nacional como um dos
favoritos ao título deste ano do Brasileirão
2008 -, era o divisor de águas que faltava.
Não que a equipe comandada pelo treinador
Leandro Machado esteja pronta, definida, isto
é, sem correções e retoques
a serem feitos ao longo da competição.
Mas configura uma indiscutível evolução
e um espírito de grupo importantes para
o desdobramento de um longo campeonato a ser disputado.
Para quem duvida do poder
de fogo do São Paulo, basta citar que há
oito rodadas eles não sabiam o que era
perder. O problema para Muricy Ramalho foi o de
ter que enfrentar o Náutico onde ele é
mais favorito do que em qualquer gramado Brasil
afora. E ele sabia disso. Na sua 50ª partida
com a camisa do Náutico, o zagueiro/lateral
Everaldo ratificou esta condição,
com um belo chute de fora da área desferido
contra o pretenso Rogério Ceni. Achou a
bola, Rogério? Calma Radamés, sei
que você contribuiu e muito para este resultado.
Não apenas belo gol oportunista, meio de
cabeça, meio de ombro, enfim, mas pela
regular atuação, ao longo dos 90
minutos.
Isso sem falar de todos
que estiveram em campo, em mais uma importante
batalha dos Aflitos. Mas o futebol é dinâmico
e ingrato. Não há tempo para contemplação
e ficar apreciando os méritos. A rodada
seguinte é sempre a mais importante e ela
já acontecerá neste domingo à
noite, também no Eládio de Barros
Carvalho.
Depois do papelão
que foi aquela apresentação bisonha
diante do Palmeiras, quando o time não
jogou e apenas esperou as investidas do Porco,
a segunda derrota consecutiva contra o líder
Flamengo, no Maracanã (com quatro desfalques,
sendo dois volantes e dois zagueiros), ao contrário
do que parecia, deixou como lição
a nítida possibilidade de se encarar os
adversários de igual para igual. Sem aquele
desnecessário complexo de inferioridade.
Equipes tidas como grandes, de nome, também
têm o seu dia de time pequeno. E o técnico
do Fluminense, o pernóstico Renato Gaúcho,
sabe muito bem do que estou falando. Basta ilustrar
com três letras mágicas: L-D-U.
Depois de impedir que o
torcedor do Náutico acompanhasse o seu
time nos Aflitos por 39 dias, os membros do STJD
enfim, caíram na real. Não há
como querer empurrar para a zona de rebaixamento
um time que está oscilando entre os seis
melhores da competição, ao longo
de dez rodadas. Se ainda é cedo? Não
sei. Agora, se é cedo para o Náutico
pensar alto então também é
cedo para estarem apontando esta ou aquela equipe
como favoritas ao título! Critério
é critério e serve para os 20 clubes
que estão na elite. Ou não?!
A torcida alvirrubra sabe
que faz a diferença e os jogadores também.
As dependências do Eládio de Barros
Carvalho estiveram repletas de uma energia vibrante
e apaixonada na gloriosa noite desta quarta-feira
(9). O vermelho-e-branco prevaleceram, irradiantes,
diante de um elenco qualificado como o da equipe
paulistana, mas é preciso mais do que apenas
um nome e um currículo estrelado para dobrar
o Náutico no seu reduto. Até porque,
nome por nome e o Clube Náutico Capibaribe
ostenta o seu próprio, desde 7 de abril
de 1901.
Quanto ao futebol competitivo,
aplicado, voluntarioso que o Timbu apresentou,
não apenas reabilitou o time na competição,
mas mostrou que o grupo pode buscar algo além
do que a simples figuração nesta
temporada. Não interessa essa pecha de
Libertadores ou Sul-americana. Queiram ou não,
apenas cinco pontos separam o Náutico da
liderança, que está com o Flamengo.
Acreditar no potencial é o segredo para
atingir metas tidas como impossíveis.
Mas, o que passou, passou
e o técnico Leandro Machado não
deve se deixar levar pelos louros da vitória.
O momento é de trabalho e a próxima
parada é o Clássico dos Clássicos.
Novamente o palco será o Caldeirão
Alvirrubro e é obrigação
da torcida timbu lotar as suas dependências.
Por sinal, este será o primeiro encontro
entre os tradicionais rivais desde a principal
conquista nacional dos rubro-negros, dentro das
quatro linhas. Caberá ao Náutico
manter a determinação e o espírito
de luta diante do brioso adversário neste
domingo (13). O ideal será somar mais três
pontos e manter-se entre os primeiros colocados.
Se há favoritismo
para um dos lados deste confronto quase centenário,
acho que é do Sport. O meu argumento nem
está dentro de campo, mas na esfera metafísica.
Isso porque, se o atacante leonino Carlinhos Bala
diz que conversa com Deus, num verdadeiro entrosamento
astral, então é claro que eles detêm
o favoritismo. Porém, isso não implica
que o Náutico, na condição
de simples mortal, invoque os seus deuses do futebol,
e que seja prontamente atendido... É ir
aos Aflitos e pagar para ver.
Avante, Náutico!
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