O preço do amadorismo
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
Recife, 14 de Julho de 2008
O pior
não é perder o clássico,
mas a maneira bisonha como a derrota aconteceu.
O Náutico não apenas reabilitou
o arqui-rival Sport, mas também deixou
transparecer ao seu torcedor que a equipe ainda
não inspira a confiança desejada
neste Brasileirão 2008. Quando todos pensavam
que o time iria se firmar na competição
com a conquista de mais três pontos, em
busca do retorno ao G-4, eis que houve uma oscilação
fora de propósito. Nem mesmo a força
das dependências do Caldeirão Alvirrubro
foi suficiente para evitar o revés no Clássico
dos Clássicos.
Apesar do resultado negativo,
o Timbu permanece na sexta colocação,
com os mesmos 17 pontos, após 11 rodadas.
Como reflexo imediato, e não poderia ser
diferente, o ex-técnico Leandro Machado
foi demitido pela diretoria. Aliás, ele
não deveria nem ter vindo. E explico. Desde
a sua contratação, na semana que
precedeu a terceira rodada do campeonato brasileiro,
fiquei desconfiado da sua competência para
dirigir um clube na Série A. Até
cheguei a dizer que era preciso tempo para que
o treinador mostrasse que tinha competência
para continuar à frente do comando técnico
do Náutico.
Porém, o tempo,
mais uma vez, mostrou-nos que este profissional
precisa de mais experência para ser um técnico
de time de primeira divisão. É fato
de que ele é o menos culpado de toda esta
papelada. Mas é preciso destacar, em letras
garrafais, que ele fora contratado por uma diretoria
que não poderia mais errar, a esta altura
da temporada. O Náutico não fez
um bom campeonato pernambucano, nem mesmo boa
campanha na Copa do Brasil. Iniciou bem o Brasileiro,
mas poderia estar entre os três primeiros.
E não está por culpa de todos: treinador
estagiário e jogadores de fraco nível
técnico, em especial quando o assunto é
bola na rede.
A rota de saída
de Leandro Machado dos Aflitos apenas culminou
com o que aconteceu no segundo tempo do jogo contra
o time rubro-negro. Sacar Ticão da equipe
e colocar o atacante Gilmar para tentar vencer
a todo custo um jogo dentro de casa lhe rendeu
a própria cabeça. No entanto, segundo
declarações do próprio Machado,
ele não se incomodava com a possibilidade
de perder ou não o seu cargo (agora ex-cargo).
Mas o desdobramento de um resultado negativo em
um clássico local, marcado por quase um
século de rivalidade, não é
tido como uma conseqüência natural
dos fatos. Talvez agora ele perceba (e aprenda)
isso.
Acho que isso somente corrobora
para que Leandro Machado seja taxado de inocente
ao extremo, pois não sabe discernir sequer
entre o que é, e o que significa uma tradicional
rivalidade entre clubes centenários do
futebol brasileiro. E olhe que o sujeito vem do
Rio Grande do Sul, mas parece que não entende
o que envolve um GRE-NAL, por exemplo, além
da simples disputa futebolística. Lamentável...
Por outro lado, a sua ausência
de ousadia e carência de um espírito
vencedor o colocaram em xeque por duas ocasiões.
A primeira, e mais gritante, foi a postura como
ele chegou ao Palestra Itália para encarar
um irregular Palmeiras. Covarde, sem saber o que
queria de um jogo de futebol, ele forçou
o Náutico a não jogar, e a não
querer ganhar. A conseqüência foi a
derrota por 2 a 0. Depois, na rodada seguinte,
foi ao Maracanã enfrentar um Flamengo que,
incentivado pela mídia carioca, e por tabela
por grande parte da crônica nacional, está
sendo apontado como um grande favorito ao título
deste ano. Pressionado pela maneira acéfala
que teve anteriormente, saiu para o jogo, mas
não suportou o Urubu por 20 minuitos e
transformou o time em carniça.
Nem mesmo a convincente
vitória sobre o São Paulo, de virada,
por 2 a 1, nos Aflitos, o fez recuperar a confiança.
Pelo menos por parte dos torcedores e até
mesmo, pasmem, de alguns atletas do grupo alvirrubro.
Não falo pelo aspecto de que um ou outro
jogador o tenha questionado sobre o esquema tático
(?) utilizado naquela fatídica partida
contra o Palmeiras, no intervalo daquele jogo.
Isso não é novidade no futebol e,
para quem acha que está descobrindo a pólvora,
a Seleção Brasileira de 1970 foi
campeã do mundo contestando o que Zagallo
achava que fazia fora das quatro linhas, dentro
de campo.
Após caçar
a bruxa do treinador, espera-se que os maiores
responsáveis pelo fiasco, ou seja, a diretoria
de futebol do Clube Náutico Capibaribe,
não cometa mais equívocos infantis.
Não se admite que erros primários
sejam reiteradas vezes cometidos como se aqueles
senhores estivessem brincando de fazer futebol
profissional. O Náutico está na
elite do futebol nacional pela segunda temporada
consecutiva. Brigar contra o rebaixamento ficou
como lição, mas no ano passado.
A meta deste ano é conquistar, no mínimo,
uma vaga na Sul-americana. Não há
mais espaço para amadorismos no clube.
Po favor: respeitem a torcida
e dêem um respaldo digno, dentro de campo.
Saber contratar faz parte do trabalho de vocês.
Não é favor, é obrigação!
Na hora de convocar o torcedor, vocês são
os primeiros a correr para jornais, rádios
e tevês e exigir a presença de todos.
A gente não vê uma mobilização
sequer por parte do setor de marketingo do clube
(se é que existe um!), nenhuma campanha
para o associado, e muito menos melhoria nas dependências
do Eládio de Barros Carvalho. Em especial
quando os jogos são realizados à
tarde.
Façam uma auto-análise,
tirem o rei da barriga e acima de tudo se planejem
com profissionalismo e visão de mercado.
Chega de entusiastas amadores no Náutico!
Está na hora de reagir no Brasileirão
e o momento é agora. Do jeito que está
não dá para continuar! Queremos
respeito, profissionalismo e time competitivo.
Avante, Náutico!
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