A parte alvirrubra deste
latifúndio
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
ColunaNnet@nauticonet.com.br
Recife, 16 de Março
de 2009
Entre
mudanças de atitude e perspectivas de melhora,
o Náutico parece ter encontrado o seu rumo
nesta temporada. O futebol é feito de resultados
e é isso o que interessa ao técnico
Sérgio China e sua comissão técnica.
Depois de a diretoria quitar os débitos
pendentes com o grupo de jogadores, parece que
a tendência seja de evolução
para o time que, por sinal, já começa
a mostrar uma cara. Isso proporciona ao torcedor
alvirrubro uma esperança de que o Timbu
consiga uma reviravolta neste Pernambucano.
Dividido entre a Copa do
Brasil e o returno do Estadual, o Náutico
me parece mais consistente, mais focado em conquistar
objetivos significativos nesta temporada. Nada
mais óbvio do que colher os resultados
após um competente trabalho de bastidores
executado pelo departamento de futebol. Seguindo
a linha de raciocínio: antes tarde
do que nunca, os dirigentes conseguiram
fechar um bom contrato de patrocínio de
camisas com o Hipercard e o adiantamento de cota
de televisionamento junto ao clube dos 13, aliviando
assim, a sufocada situação financeira
no clube. Pelo menos é o que aparenta.
Por outro lado, a notícia
de que existe uma possibilidade de o Náutico
vir a fazer parte do clube dos 13 levanta uma
expectativa de definitivos bons ventos para os
Aflitos. É claro que esta questão
não é tão simples e passaria
por uma duvidosa aprovação da parte
do arqui-rival Sport, que em 2000 vetou a participação
de outro rival, o Santa Cruz, em fazer parte do
seleto grupo que dá as cartas
na Série A do futebol brasileiro. Para
este fato se concretizar, os 20 membros teriam
que aprovar o ingresso do Alvirrubro por unanimidade.
Quando chegou à
final da Copa do Brasil 2008, o humilde discurso
dos dirigentes na Ilha do Retiro era de que Pernambuco
estava numa final. Depois, já na
Copa Libertadores deste ano, a empreitada se repetiu
e o apêlo voltou à tona, agora com
enfoque de internacionalização.
Juntos, prefeitura do Recife, governo do Estado,
Federação Pernambucana, imprensa
esportiva, todos unidos pelo futebol de
Pernambuco.
Porém, quando agora
a roleta gira e é a vez do Náutico
fazer parte do território pernambucano,
parece que muitos viram as costas e não
se importam. Pior, não se engajam como
deveriam, calam a boca, fecham os olhos e ficam
surdos. Afinal de contas, e aquele discurso falacioso
de que é Pernambuco, hein?
O jogo de interesses particulares parece falar
mais alto quando o assunto é melhorar as
condições dos demais clubes envolvidos
no contexto local.
Tudo bem que a rivalidade
alimente os anseios dos torcedores e seja a fonte
que nutre as divergências de corações
e mentes nas arquibancadas dos três principais
estádios do Recife, mas na esfera administrativa,
política, jornalística, o profissionalismo
entre as partes envolvidas deveria prevalecer.
Que esta opinião sirva de manifesto para
abrir os olhos e a cabeçinha retrógrada
de inúmeras pessoas que, apesar de arrotarem
grandeza, são apenas partículas
ínfimas, quase insignificantes, de uma
realidade que vai além de um isolacionismo
egocêntrico, como se habitassem uma ilha
deserta, no meio do nada.
Nenhum adversário
tem a obrigação de fortalecer o
outro, mas a lógica da preservação
dos interesses locais depende deste equilíbrio
de possibilidades. Basta observar o fato de que,
dentre os principais campeonatos estaduais do
País, o único em que um time do
interior nunca levantou o principal troféu
é justamente o Pernambucano. E isso não
é por acaso.
Avante, Náutico!
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