Protesto, chuva e bicicleta
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
Recife, 16 de Junho de 2008
A sexta
rodada do Brasileirão 2008 para o Náutico
foi atípica. A começar pelo jogo,
que fora realizado no Estádio do Arruda,
por prévia imposição do Superior
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)
mais conhecido como reduto de sádicos nazistas,
antro de pseudo-juristas desportivos, mas que,
na prática, não passam de anti-nordestinos
facínoras e energúmenos. Uma vergonha
digna da falta de seriedade e imparcialidade no
quesito justiça desportiva. Depois dessa
ação premeditada, não há
dúvidas de que eles não suportam
a idéia de ver o Náutico na elite
do futebol nacional. Imagine então entre
os quatro primeiros...
A chuva que assolou a cidade
no sábado deixou o gramado mais apropriado
para a prática de patinação
na lama do que para futebol profissional. Para
quem interditou os Aflitos por causa de um gramado
ruim, fico pensando o que passa pela
cabeça do agente da SS do Tribunal de Injustiça
contra Nordestinos, Paulo Schimitt. Pelo menos
a bicicleta de Wellington coroou a esforçada
apresentação do Timbu, que, ao final
dos 90 minutos, amargou um empate contra o bonde
de São Januário mais uma
pobre equipe protegida pelo eixo do mal carioca.
Antes de qualquer coisa,
quero demonstrar a minha satisfação
pelo que fez a resistente torcida alvirrubra.
Além de vários protestos com faixas
e cartazes contra aquele antro do Rio de Janeiro,
o ápice aconteceu durante a execução
do hino nacional. Com uma vaia forte e uníssona,
o público desprezou a falsa unidade e exorcizou
o preconceito que se pratica contra nordestinos
e, especificamente, quanto a Pernambuco.
Aliás, existe aí
uma pendência histórica que precisa
ser revista urgentemente pelos segmentos de antropologia
e sociologia brasileiros. Os gritos de Ah...
É Pernambuco! foram a contundente
resposta contra o esquema ardiloso que utilizaram
deliberadamente contra o Clube Náutico
Capibaribe. Simplesmente por ter goleado um combalido
timinho alvinegro. Que revanchismo babaca, hein?!
Mesmo assim, vale ressaltar
que os quase 21 mil torcedores (do que foi computado)
compuseram o terceiro maior público do
País, nesta rodada. Se considerarmos que
este total fora superado apenas pelos públicos
de Flamengo x São Paulo (Maracanã)
e Inter x chorões solitários (Beira-Rio),
então não foi de todo tão
mau assim. É preciso reconhecer e parabenizar
o público!
Mesmo tendo comparecido
em bom número, houve quem criticasse a
quantidade de torcedores presente. Porém,
por falta de empenho dos dirigentes timbus, que
ao contrário da indignação
ficaram tranqüilos com a tirania
absurda que partiu do Rio de Janeiro, não
conclamou o torcedor a invadir a casa coral para
mostrar ao Brasil quem é, e do que é
capaz, a torcida do Náutico.
Mas ainda a tempo de se
redimirem e inflamar os torcedores para o jogo
contra o Galo mineiro. No próximo domingo
(22) haverá nova partida lá e precisamos
superar esta marca. Não se admite menos
do que 21 mil torcedores. Mesmo se tratando de
domingo de festividades juninas, que é
bastante comemorada aqui no Nordeste (alô
procurador, que tal interditar as fogueiras e
fogos de artifício?).
Por sinal, quero registrar
aqui a falta de controle no acesso ao estádio
do Santa Cruz. Como um gigante adormecido, abandonado,
o Arrudão está praticamente em ruínas.
Cadeiras cativas sujas, goteiras que parecem mais
cachoeiras nas arquibancadas, enfim, um lamentável
panorama de caos e falta de zelo. Dezenas, senão
centenas de pessoas conseguiram entrar no sábado
sem ter sido contabilizadas. Eu mesmo fui um desses.
E olhe que tenho a carteira da ACDP (Associação
dos Cronistas Desportivos de Pernambuco). É
muita desorganização no José
do Rego Maciel.
Não há sinalizações
de bilheterias e locais para a torcida do mandante
e da visitante. É preciso pensar em termos
de Série A! No sábado, vieram torcedores
de João Pessoa, por exemplo, que ficaram
sem saber como proceder. Isso não pode
se repetir! Eles vêm de cidades do interior
e também de outras vizinhas aqui do Estado.
Não é como em dia de treino do dono
daquela casa.
Quanto ao jogo em si, o
preço por estar atuando fora do Eládio
de Barros Carvalho, popularmente denominado Caldeirão
Alvirrubro, pareceu-me bastante alto. O resultado
não seria esse caso os jogadores tivessem
jogado onde conhecem todos os atalhos para a vitória.
A histórica estatística respalda
esta afirmação. Em casa, o número
de triunfos é sempre predominante.
Depois, o clube de regatas
Eurico Miranda não tem a mínima
condição de enfrentar o Náutico,
de igual para igual. O ponto de equilíbrio
deles foi justamente o apitador de Brasília:
o mau-caráter Sérgio Carvalho. Não
foi a primeira vez que aquele sujeitinho prejudicou
o Timbu, nesta temporada. A anterior foi na partida
contra o Atlético Mineiro, no jogo de ida
pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil 2008,
nos Aflitos. Pelo visto, também não
será a última. Basta observar o
gol vascaíno que surgiu de uma falha dupla:
da defesa alvirrubra e de jogada perigosa do atacante
cruzmaltino.
Quanto ao time comandado
por Leandro Machado, muita fragilidade existe
e não pode permanecer nos próximos
confrontos. Nem o fato de poder repetir a formação
da equipe por três vezes seguidas facilitou
o seu trabalho. Não existem jogadas ensaiadas
e houve poucos chutes a gol. Em especial de fora
da área (e na direção da
barra). A quantidade de chances desperdiçadas
é ambígua, quer dizer: serve, mas
não resolve. Até porque, de que
adianta criar e não concluir?
Por outro lado, há
um aspecto que chama muito a atenção
e acredito ser bastante relevante: nas duas últimas
rodadas, o ataque marcou somente um gol. É
preciso mais vigor neste setor. Apesar dos oito
gols na competição, esta média
poderia ser melhor. E é justamente por
isso que não gosto da ausência de
opções para vazar as redes adversárias.
Em compensação, a defesa está
segura, pois até aqui foram apenas quatro
tentos em seis partidas. Isso ocasiona um saldo
razoável positivo de quatro gols.
Avante, Náutico!
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