A síndrome do
não-resultado positivo
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
Recife, 21 de Julho de 2008
O futebol
constrói mitos, lendas e histórias
fantásticas, marcadas por sangue, suor
e lágrimas. Mas também apresenta
muita coisa que se torna fato negativo, no decorrer
dos campeonatos. No caso específico do
Náutico, que nas duas últimas rodadas
do Brasileirão 2008 deixou escapar o resultado
positivo depois de sair na frente, e até
abrir vantagem de dois gols (como fora diante
da Portuguesa), uma síndrome nada favorável
começa a incomodar a equipe alvirrubra.
Sobre o aspecto estatístico, em nada ela
pesa, mas já quanto ao psicológico,
este sim o técnico Pintado e os demais
membros da comissão técnica têm
a função de desfazer, antes que
o pior aconteça.
A pior condição
que pode acometer uma equipe de futebol é
a ausência de auto-confiança e da
própria capacidade de superação
que o grupo possa vir a esboçar. O goleiro
Eduardo já não tem mais o equilíbrio
necessário para continuar a ser o titular
e outros atletas precisam se esforçar mais
para fazer valer as suas presenças no time.
Acredito na máxima de que quem se escala
é o próprio jogador. Não
adianta ficar no discurso evasivo, pois esta modalidade
se faz com resultado. De preferência, dentro
das quatro linhas. Cada partida traz a sua própria
história e o dinamismo imposto pela natural
condição dos episódios falam
mais alto.
Agora, quanto ao fato de
o time deixar escapar pontos preciosos nos minutos
finais dos seus jogos, isso é um fator
que reflete de forma negativa no grupo. Até
porque estes mesmos pontos escoados podem, e devem,
fazer muita falta adiante. Até o momento,
o Timbu ocupa a nona colocação,
com 18 pontos conquistados em 13 rodadas. Se não
é uma situação desastrosa,
porém, convenhamos: não é
a situação ideal. Existe uma composição
bastante acirrada na tabela e, daqui por diante,
o campeonato literalmente será disputado
ponto a ponto. Cada vitória é um
passo à frente, enquanto cada revés
pode significar que o abismo está logo
ali. O empate pode siginificar neutralidade, ou
até perda de posições.
Numa análise sintática,
nos últimos nove pontos disputados, o Náutico
só conseguiu um mísero e solitário
ponto. Vale salientar que seis destes foram em
pleno Caldeirão Alvirrubro, quando justamente
houve a ínfima soma na tabela de classificação,
no amargo empate contra o Internacional. O time
parou nas cinco vitórias e precisa voltar
a vencer a todo custo, sob o forte risco de despencar
para a zona de risco. Como desafios têm
que permear uma campanha linear - que não
é o caso do Náutico - o resultado
positivo em Salvador seria muito bem-vindo, além
de necessário.
O técnico Pintado
ainda está em fase de conhecimento e experimentações
nos Aflitos, quanto ao grupo de jogadores, mas
contra si ele tem um adversário implacável:
o tempo. Daqui a seis rodadas a competição
chegará à metade do caminho e quem
não estiver com uma pontuação
acima dos 25 pontos vai ter que ralar bastante
para não ficar apenas observando como será
a briga pelo G-4 que levará à Libertadores,
e até mesmo a uma vaga para a disputa da
Sul-americana.
Destaque para o atacante
Gilmar, que com uma raça e aplicação
tática elogiáveis, já se
configura como um daqueles em quem a torcida pode
depositar confiança. A estréia do
lateral Piuaí também me agradou,
mas ainda está abaixo do que ele pode produzir,
ao longo de 90 minutos de um jogo de futebol.
No meio-de-campo, meias criativos são as
principais ausências e o vazio em termos
de ligação ficou evidente. O zagueiro
Everaldo voltou a oscilar e falhou no empate do
Inter, junto com o goleiro Eduardo. O resultado
pertence ao time, mas é preciso pontuar
o setor vulnerável para tentar melhorar
o desempenho do conjunto.
A não-lógica
do futebol me deixa tranqüilo para apostar
que o Náutico possa trazer de Salvador
três pontos. Se alguém deseja encontrar
uma lógica, então tente explicar
resultados surpreendentes, inimagináveis,
impossíveis. Calma: não precisa
perder tempo, pois não há resposta
para esta equação chamada futebol.
HEXA é ÚNICO!
Há 40 anos o Clube
Náutico Capibaribe conquistava um título
que, ao longo da história, tornou-se emblemático.
Naquele 21 de julho de 1968, os comandados de
Duque (Davi Ferreira) levantaram pela sexta vez
consecutiva o maior de todos os titulos ostentado
em Pernambuco: o hexacampeonato. Esta história
fora construída no Eládio de Barros
Carvalho, e sobre o arqui-rival Sport. E culminou
com o gol solitário de Ramos, já
na prorrogação.
Ao longo deste período,
os rivais Santa Cruz e Sport até que tentaram
igualar o feito, mas esbarraram no proprietário
da exclusividade. Em 1974, o tricolor viu os seus
planos irem por água abaixo quando ajudou
a criar o slogan: "HEXA É LUXO!".
Dezessete anos mais tarde foi a vez dos leoninos
ficarem na vontade. No ano do centenário
de fundação do Náutico, em
2001, os alvirrubros não somente voltaram
a comemorar um título após 11 anos,
mas efetivamente evitaram que o arqui-rival conseguisse
dar um presente de grego com o que seria o hexa
deles. Seria...
Porém, como diria
o jornalista Zuenir Ventura, autor de um livro
chamado: "1968, o ano que não terminou",
o hexacampeonato continua tão vivo como
se estivéssemos lá, há exatos
40 anos. Parabéns a todos que fazem a história
do Clube Náutico Capibaribe. E, antes que
eu esqueça: HEXA É ÚNICO!!!!!!
(com seis exclamações).
Avante, Náutico!
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