O cometa da esperança
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
ColunaNnet@nauticonet.com.br
Recife, 23 de Setembro de 2010
 |
O dinheiro
está para o capitalismo assim como o mecenas
está para o dinheiro. Não estou
aqui defendendo o trabalho escravo, a concentração
de renda nem mesmo de latifúndios. Mas
o comportamento dos jogadores do Náutico
me impressionou. Os caras mudaram da água
de esgoto para o mais nobre dos vinhos. Tudo num
passe de mágica. Nada como a visita do
benemérito alvirrubro Américo Pereira
aos Aflitos para adrenalizar o astral dos atletas.
O futebol brasileiro tomou um rumo equivocado,
em termos de valores de salários de jogadores.
Aliás, trata-se de uma distorção
mundial. O mercado dos boleiros entrou num câmbio
paralelo, fora da realidade sócio-econômico-cultural
de países de qualquer continente ou hemisfério
onde a modalidade é praticada. Pois bem,
cabe aqui ressaltar que o trabalhador brasileiro,
aquele cidadão comum, que recebe um salário
mínimo, com pouco ou quase nenhum estudo,
mas que sobrevive de maneira digna, não
foge à luta.
O indivíduo íntegro respeita as
leis, vai ao trabalho todos os dias, quase sempre
em transporte coletivo indecente, bate o ponto
de entrada e saída, respeita os horários
estabelecidos e tem que cumprir as metas traçadas
pelos seus chefes e/ou patrões. Sem direito
à saúde, se vier a torcer o tornozelo,
por exemplo, não vai poder morar no departamento
médico da empresa.
Nos raros momentos de laser, a exceção
da praia, tudo o que fizer terá que desembolsar
para participar. A outra manjada opção
é ir ao estádio de futebol - na
maioria das vezes, a única coisa que lhe
é permitida. Quase sempre, enfrenta filas,
maus tratos de policiais despreparados, desconforto
com o cimento crespo, e a violência social
(ás vezes provocada pelas próprias
torcidas organizadas mesmo!) para torcer pelo
time do coração. Isso sem direito
à maca nem a massagista.
Começa o jogo. A expectativa depois de
uma maratona para se chegar ao seu templo sagrado
se torna em pesadelo. A decepção
é grande. É que ele tem que assistir
em campo a 11 personagens que parecem ter saído
de uma quadra de tênis. Não sabem
se posicionar e ficam alheios ao que acontece
durante 90 minutos. Nem sequer sabem trocar três
passes certos. Chutar em gol então, nem
pensar!
Pois bem. É preciso que os atletas profissionais
sejam pagos em dia pelos clubes. Isso não
se discute. Agora, o que é discutível,
e muito, é o alto valor do contrato que
alguns desses "artistas da bola" acham
que merecem receber. Os seus agentes e os dirigentes
das agremiações deveriam consultar
antes um historiador, um contador e um sociólogo
para enquadrá-los na realidade social da
qual se faz parte. Em especial da realidade financeira
do clube.
Depois, deveria haver uma cobrança diretamente
proporcional. Explico. Se o cara chega à
cara do gol, e chuta pra fora da barra, aí
ele deveria ser multado por não fazer o
óbvio, ou seja, o gol. Se o time enfrenta,
em casa, outro que está na zona de rebaixamento,
e não ganha, então também
todos terão que devolver o dinheiro que
seria o equivalente ao bicho pela vitória.
Que tal assim, senhores jogadores!?
Parafraseando o colega Luciano Duarte: "desculpa
você que acha que isso deveria se tornar
uma prática no mercado dos boleiros, eu
tava apenas nervoso".
Náutico acima de tudo!
|