Fé nos três
pontos
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
ColunaNnet@nauticonet.com.br
Recife, 26 de Outubro de 2009
Não
tem jeito. A cada edição do campeonato
brasileiro, o Náutico nos proporciona maiores
e inevitáveis emoções. O
pior é que esta sensação
fica mais intensa a cada temporada do Brasileirão,
desde 2007, quando o Alvirrubro retornou à
elite do futebol nacional. Mas o aspecto negativo
é que a luta, infelizmente, é sempre
para não cair de divisão. Sei que
os problemas enfrentados pelo Timbu são
imensos, alguns até mesmo dantescos, tanto
dentro quanto fora de campo, porém, nada
justifica a ausência de planejamento e de
visão profissionalizada no centenário
clube alvirrubro.
Não adianta o presidente
executivo tentar argumentar que não pôde
se programar para 2009 porque ficou sem saber
em qual divisão o Náutico iria disputar
este ano, pois até a última rodada
do campeonato de 2008 este fator era uma incógnita.
Ora, esta falácia não deveria ter
mais espaço em pleno final da primeira
década do século 21. A cara do futebol
brasileiro precisa mudar. E a responsabilidade
desta atitude cabe a quem comanda. É daí
que se trará a total diferença.
Quando a atual gestão
foi eleita, ou melhor, tomou posse em janeiro
de 2008 (ocorreu apenas uma homologação
via consenso, pois não houve eleição
no clube em dezembro de 2007), não segredo
que o tempo de mandato seria de dois anos, ou
seja, para o biênio 2008/2009. A partir
deste princípio básico é
a atual gestão deveria fazer uma programação
para os 24 meses de gestão. Não
teve o que se esperar. Não precisava aguardar
por uma definição da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF).
E o que se viu este ano
no Náutico superou toda uma expectativa
negativa, recheada de incompetência e desmando
administrativo no clube. Vários jogadores
sem a mínima condição de
atuar numa equipe de futebol profissional foram
escandalosamente contratados, não renderam
nada e ainda deixaram um legado de dívidas
trabalhistas, além de futuros vácuos
financeiros. É preciso repensar seriamente
o biênio 2010/2011. Independentemente do
que venha a acontecer com o time nesta edição
da Série A.
Não gosto muito
de tratar de assunto político-eleitoral
de clube de futebol, mas a experiência mostra
que os tempos são outros. Ou melhor, devem
ser outros. Já não cabem mais conchavos
de grupos que busquem benefícios próprios,
mas é necessário haver um planejamento,
uma plataforma de gestão onde fiquem claro
os objetivos traçados por todos os departamentos
autônomos e auto-gestores para que o clube
funcione. A questão até parece óbvia,
mas não é assim que se faz.
Outra analogia interessante
é a de se dizer que futebol não
é ciência exata. Concordo.
A experiência adquirida ao longo de mais
de duas décadas acompanhando a modalidade
no Brasil e mundo afora me mostrou tal realidade.
E não faltam exemplos concretos para ilustrar
este imenso e controverso mundo da bola redonda.
Agora, por outro lado,
o que pouca gente tem a dignidade de escancarar,
é que sobram aproveitadores de plantão
por aí. O maior exemplo, de um mau-exemplo,
é a forma como é conduzido o futebol
brasileiro. Desde as corrompidas federações
estaduais até o antro maior no qual se
tornou a CBF. O esdrúxulo saldo é
o seguinte: conseguiram falir os clubes, mas vivem
mergulhados em dinheiro. Explique, se conseguir,
caro (a) leitor (a).
Estes órgãos
público-privados são ocupados por
sujeitos que se julgam donos da verdade, do futebol,
e ainda têm tempo para serem proprietários
vitalícios em seus cargos que são
passados de pai para filhos, isto é, de
parentes para parentes. De geração
a geração. Um legado medieval, como
as antepassadas capitanias hereditárias
da época do Brasil Colonial. Nem parece
que são outros 500.
Tenho dito.
Saudações
alvirrubras!
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