Há algo de podre
no reino dos Aflitos
Por: José Gomes Neto - Foto:
NauticoNET
Recife, 28 de Julho de 2008
No limite.
É assim que o Náutico se encontra,
em relação ao futuro de sua campanha
no Brasileirão 2008. Pela primeira vez
nesta competição, a equipe alvirrubra
saiu da zona da Sul-americana e ocupa a 12ª
posição. Até aí tudo
normal, não fosse pela circunstância
imposta pelo nível de competitividade no
qual está inserido o campeonato brasileiro
deste ano. Porém, o Timbu perdeu o rumo
da sua conduta e, um time que há seis ou
sete rodadas brigava pelamanutenção
no G-4 da Libertadores, agora está na iminência
de vagar entre os piores da Série A. Isso
mesmo: a queda de produção vertiginosa
do Náutico só me leva a pensar que
há algo de podre no reino dos Aflitos.
Em 15 rodadas, o time já
vai no seu terceiro treinador. Nas duas rodadas
iniciais, o ex-técnico Roberto Fernandes
deixou o clube na inédita liderança
(desde a era dos pontos corridos, em 2003, que
uma equipe nordestina não havia liderado
o Brasilerão), e também o seu cargo
para ir a Curitiba defender o Atlético
local. Depois dele, o departamento de futebol
"profissional" do Náutico trouxe
o falastrão e dublê de técnico
Leandro Amaral. Ele mal sabia entregar as camisas
para os jogadores. Uma piada sem graça
nenhuma.
O mais recente treinador,
que atende pelo nome de Pintado (chega quase a
ser uma obra sulrrealista do excêntrico
Salvador Dalí), já observou a equipe
entregar o resultado para a Portuguesa
hoje na zona de rebaixamento -, e, estranhamente,
elogiou o comportamento nocivo do time, naquele
confronto. Na partida seguinte, viu o seu time
entregar os pontos de novo, ao final dos 90 minutos.
Mas a desculpa desta vez era de que "o Internacional
não era qualquer equipe". De fato,
não é qualquer um que consegue perder
para o Ipatinga. Nisso ele tem razão!
Na mais recente rodada,
dentro do ex- Caldeirão Alvirrubro, novo
revés. Desta feita para um time que não
havia vencido de ninguém fora de casa.
Haja espírito solidário deste time
do Náutico! Pena não se tratar de
nobreza, mas de tristeza para a torcida alvirrubra.
Cansada de assistir a crônicos episódios
pastelões, proporcionados pela sua presidência
executiva e toda, eu disse toda, sua côrte
de futebol amadora, o time está à
beira de uma crise sem precedentes. Desculpe-me
pelo ar apocalíptico, mas depois de o fato
ocorrer é muito fácil ser analista
de obra pronta. Quero alertar aos pulhas agora!
Ao contrário do
que parecia ser, o Náutico enganou aos
seus torcedores com um início esplêndido.
Logo o torcedor do Náutico, que vem dando
uma lição de persistência
e de apoio ao limitado grupo de jogadores, com
uma média excelente no Eládio de
Barros Carvalho, e também fora dele. Basta
observar os números dos borderôs
que vêm dos Aflitos. Enquanto o Timbu colocou
mais de 12,6 mil espectadores diante do Coritiba,
na mesma rodada, no Mineirão, por exemplo,
o Atlético ficou relegado a pouco mais
de 6 mil heróis. Com o mesmo sofrível
contingente, no Serra Dourada, o Goiás
foi "saudado" por sua torcida, apesar
de ter batido o Cruzeiro, em Belo Horizonte, no
jogo anterior. Pense nisso, diretor, antes da
fazer qualquer cobrança estúpida
ao torcedor alvirrubro. Não vá também
querer calar a boca dos próprios, após
uma série de lambanças e atitudes
amadoras. Inadimissíveis.
Não que o grupo
alvirrubro tivesse condições técnicas
e financeiras para estar entre os quatro primeiros,
de igual para igual com os milionários
do Clube dos 13. Mas o fato é que, se a
equipe conseguiu chegar até ali, então
não havia como negar de que tudo é
possível. Principalmente quando se quer,
quando se acredita no trabalho que se faz. No
planejamento que se tem. Isso para quem trabalha
e se planeja.
Ora, então, o que
faltou aos jogadores, membros da comissão
técnica e dirigentes timbus? Eu afirmo
que foi empenho, vontade e vergonha na cara. Até
mesmo de quem esteve no comando da equipe, como
foi o caso do gaúcho entregador de camisas
chamado de Leandro Machado (quem?!). Inclusive
de quem ocupa cargos de dirigentes de futebol
profissional, na Avenida Conselheiro Risa e Silva.
Não se admite que contratações
sejam feitas à revelia, sem critério,
conhecimento de causa e competência de quem
está resposável por isso.
Fazer do clube um grande
comitê político-eleitoral é
retrocesso e fica melhor para outros clubes do
Recife. Até porque o nível sócio-cultural
dos torcedores é outro e não dá
para enganar a maioria dos pretensos eleitores.
Portanto é tempo perdido. Vamos colocar
a cabeça no lugar, pensar grande e no clube.
Fogueira de vaidades e egos inflamados só
trazem um legado de causas trabalhistas, dívidas
em todos os campos, rebaixamentos e caos administrativo.
Não se deixem levar pelas circunstâncias
de momento. O Clube Náutico Capibaribe
não pode ser admistrado como uma capitania
hereditária, nem mesmo uma oligarquia mesquinha
e, pior de tudo, burra!
O fato é que está
havendo algo muito sério dentro do grupo
de jogadores, e até mesmo entre dirigentes,
que ainda não veio à tona. É
melhor que os envolvidos e responsáveis
tratem de lavar toda essa imundície antes
que o clube venha a sofrer as conseqüências
mais graves. O processo é evolutivo e o
Náutico não deve, nem pode, cair
para a Série B, em 2009. É preciso
estruturar um clube com vistas ào século
XXI, com futebol de resultado, de conquistas.
Mas acima de tudo com visão de mercado,
formação de valores para gerar divisas.
Assim caminha o futebol profissional do Brasil.
O segredo? Sejam profissionais.
Avante, Náutico!
|