Conformismo e subserviência
Por: José Gomes Neto- Foto:
NauticoNET
Recife, 08 de agosto de
2006
Incrível
como a gente ainda tem que escutar (e acatar)
por aqui na província (Pernambuco)
que "não dá para fazer
nada sobre o assunto". Estou falando
sobre a postura omissa e subserviente do presidente
da Federação Pernambucana de
Futebol (FPF), Carlos Alberto Oliveira, em
aceitar goela abaixo o calendário nacional
de 2007, divulgado pela Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), no início
deste mês.
Como
era de se esperar, os presidentes de federações
do Nordeste e do resto do País, simplesmente
se conformaram com a porca miséria
que Ricardo Teixeira e seus 40 aliados reservaram
aos reles mortais, como se fosse um banquete
dos deuses. Na política do "enfio
lá, e você virá pra cá",
já era esperado que o Campeonato do
Nordeste - sucesso absoluto de renda, público
e patrocinadores, nas edições
de 2001 e 2002 -, ficasse relegado à
sua empolgante história.
O futebol
do Nordeste já era! Isso porque, naquele
momento, havia chegado a hora e a vez, de
uma vez por todas, de se formar , e se consolidar,
as ligas regionais. Seria o princípio
de uma nova ordem, sem medo de ser independente
e buscar um lugar nas competiçoes Sul-Americas
e até mesmo a Taça Libertadores.
Não se poderia abrir mão de
um processo histórico, regado ao retorno
da rivalidade nordestina, e da própria
dignidade dos clubes da Região, sem
ter que ficar refém de nenhum vínculo
político-aproveitador que se entranhou
nas veias abertas do futebol nacional.
Ora,
se as federações não
estão nem aí para os interesses
dos seus filiados, então por quê
existir federação? Se é
a CBF, diz que não tem dinheiro para
bancar as Séries A, B e C; Se é
a FPF, alega que não pode dar seqüência
à segunda divisão estadual também
por falta de verba... E o pior é que
ainda pinta alguém de pára-quedas
para anunciar aos quatro cantos que os clubes
(sempre) recorrem aos cofres das entidades
estaduais quando estão no atoleiro
financeiro. É lógico. Afinal
de contas, de onde se origina o dinheiro que
entope os cofres das federações
e, em especial, da CBF?
Dos
(sugados) próprios clubes de sempre,
ora. Pelo que me conste, não existem
sócios, torcedores nem simpatizantes
que vão aos estádios, compram
camisas e demais adereços para "torcer"
pela FPF e/ou outras entidades do gênero.
Não existe aí um favor, mas
uma justa contrapartida. Cada um sabe onde
o calo aperta, mas ninguém tem a coragem
de tomar uma atitude onde prevaleça
a vontade de construir um futebol melhor no
Brasil.
A formação
das Ligas será a solução
para a vida própria dos clubes. Se
alguém duvida disso, é só
mirar-se no exemplo da modalidade de outros
continentes. Não gosto de citar exemplos
fora da nossa versão latino-americana,
mas é preciso ter um norte para confirmar
experiências bem ou mal sucedidas.
Porém,
a realidade não-profissional dos dirigentes
das nossas agremiações, e aí
incluo o Clube Náutico Capibaribe,
também é um fator de desequilíbrio
entre o fato e a casualidade. O resultado
dessa equação cheia de incertezas
e porra-louquices só pode ser essa
falta de saneamento neuronial que a gente
está "acostumado" a engolir.
Assim como fizeram todos os poderosos-chefões
com o recém-divulgado calendário
nacional.
Não
se programar, não se planejar, não
ter visão empresarial do processo,
para que se atinja uma gestão auto-sustentável
são provas mais do que inequívocas
para que se perpetue essa política
onde se sustenta amadores-profissionais em
todas as esferas do futebol brasileiro.
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