Arena romana cercada
de rivalidade e incompetência
Por: José Gomes Neto- Foto:
NauticoNET
Recife, 06 de Fevereiro
de 2007
O
acirramento da rivalidade entre Náutico
e Sport tomou proporções que
ultrapassam as fronteiras da razão
do mundo da bola. As cenas que ocorreram na
noite da segunda-feira, nos Aflitos, foram
dignas de lamento e retrocesso no âmbito
da tolerância e educação
que deveriam habitar os corações
e mentes dos verdadeiros torcedores dos clubes
de futebol.
A
pancadaria entre gangues rivais e a falta
de respeito para com o torcedor simples, aquele
cidadão que é convocado pelos
dirigentes a se associar, pagar ingresso caro,
sem o mínimo conforto necessário
e ainda ter que ser punido com a ausência
de ética profissional daqueles que
deveriam assumir pelos desmandos que aconteceram.
O fato é que, entre mortos e feridos,
as irresponsabilidades cometidas não
são assumidas por ninguém.
De
um lado, a diretoria do Náutico alega
que não faltou atitude administrativa
quanto ao deslocamento de locais reservados
à torcida adversária, nem muito
menos da denúncia de ausência
de leitura dos bilhetes nas catracas eletrônicas
que estavam na Rua Manoel de Carvalho –
tradicional espaço destinado aos visitantes.
Na versão do presidente Ricardo Valois,
o que houve foi cordão de isolamento
por parte da Polícia Militar.
Do
outro, o comando do Batalhão de Choque
alega que cumpriu à risca as determinações
e normas e, assim, “garantiu a segurança
e o bem-estar dos torcedores” que foram
ao Eládio de Barros Carvalho. Mesmo
tendo conduzido os rubro-negros para o corredor
polonês entre os alvirrubros. O incrível
foi que até torcedor armado com revólver
esteve fazendo ameaças a adolescentes.
Até
quando o Ministério Público
de Pernambuco vai assistir a esses episódios
anacrônicos do futebol pernambucano
e, enfim, tomar uma atitude enérgica
para coibir esse tipo de comportamento? Por
quê a imprensa esportiva não
se coloca com veemência a respeito do
que ocorreu nos Aflitos, cobrando dos dirigentes
e da Polícia Militar? Será possível
que sempre as pessoas que nada têm a
ver com a canalhice alheia vão ter
que levar spray de pimenta no rosto?
O despreparo
e o desconhecimento dos policiais que estiveram
nos Aflitos é típico de filmes
pastelão. Não conhecem a geografia
do bairro, não sabem discernir quais
são os setores que compõem um
estádio, as cores dos clubes em confronto,
e nem o que é torcedor, um cidadão
brasileiro que paga impostos, pois eles confundem
com os cavalos e cães que conduzem
e utilizam para trabalhar e acham que estão
lidando com eles.
É
por essas e outras que não dá
para fazer futebol profissional aqui em Pernambuco.
Eu queria ver era os diretores dos dois clubes
trocando tapas, no meio do campo, e divertindo
as duas torcidas. Aí eu diria que seria
o máximo! Mas não. Eles preferem
expor os gladiadores/torcedores ao delírio
de guerras imaginárias, com sede de
anseios sociais, mal-resolvidos pelo Estado
ausente, que só sabe dar porrada e
tratar como cão!
Ou
se muda esse estado de coisas, ou então
é melhor que não convoquem o
torcedor para fazer papel de palhaço!
Abram o olho e não repitam a dose.
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